Olhos vermelhos, irritação e ardência. Estes são os sintomas
mais comuns para quem está com conjuntivite. A inflamação, que ocorre na
conjuntiva (membrana que envolve o globo ocular e a parte interna das
pálpebras), é bastante frequente no verão. "O verão é a época do ano em que as pessoas estão mais
ao ar livre, em contato com outras, e mergulhando em praias e piscinas
contaminadas, que são formas importantes de transmissão", explica o médico
Marco Antonio Alves, chefe do setor de córnea do Hospital Federal dos
Servidores do Estado do Rio de Janeiro, ressaltando que, para ser infectado, é
necessário o contato com o vírus, seja pela secreção ou por pertences pessoais
de quem já está infectado, tais como óculos, maquiagem e toalha.
"O contágio pelo ar, quando a pessoa infectada está no
mesmo ambiente, é muito difícil, mas pode acontecer em algumas situações",
completa.
No caso da conjuntivite viral, que é a mais comum nesta
época do ano, o calor e a umidade favorecem a disseminação do vírus, podendo
causar uma epidemia, principalmente em locais com grandes aglomerações. É
altamente contagiosa.
Outros sintomas comuns são sensação de corpo estranho (areia
nos olhos), fotofobia (sensibilidade à luz), lacrimejamento, coceira e secreção
ao redor dos olhos. "A secreção varia de acordo com a causa. No caso das
conjuntivites bacterianas, o paciente amanhece com os olhos grudados, com
secreção mucopurulenta (que contém muco e pus). Na viral, ela é mais
clara", explica o médico.
Tratamento
Após sentir qualquer um dos sintomas acima e fazer o
diagnóstico com um oftalmologista, será preciso paciência até a inflamação
passar. "A maioria cura sozinha, apesar de serem necessários alguns
cuidados", afirma a médica Rachel Rodrigues Gomes, da clínica Cerpo (SP).
O incômodo pode durar de sete a 14 dias, dependendo da
infecção e do vírus ou bactéria causadora. "A viral pode durar até dez
dias. Já a bacteriana aguda, até 14", explica Rachel.
Em caso de conjuntivite bacteriana, o tratamento é feito com
colírio antibiótico, prescrito pelo médico, que fará exames para identificar
qual é o tipo de bactéria e qual é o tratamento adequado. Não é recomendado
usar colírios por conta própria, pois podem piorar a infecção.
Para os demais casos, os cuidados são:
- Não coçar os olhos;
- Lavar frequentemente as mãos;
- Evitar o compartilhamento de toalhas, travesseiros e
objetos pessoais, como maquiagens e óculos;
- Evitar ambientes com muitas pessoas;
- Fazer compressas com água fria e filtrada, mantendo os
olhos limpos.
Se não tratada corretamente, a conjuntivite pode deixar
sequelas, como cicatrizes no olho e na córnea e infecções intraoculares.
Mitos e práticas caseiras
A médica Rachel Rodrigues Gomes esclareceu algumas dúvidas e
mitos sobre a conjuntivite. Confira:
Quais são os principais mitos no tratamento da conjuntivite,
tanto viral como bacteriana?
Rachel Gomes: Algumas pessoas acreditam que o leite materno
(usado como colírio) pode curar a conjuntivite, o que é um mito e
contraindicado.
A limpeza do olho deve ser feita apenas com água quando é
detectada a conjuntivite?
A limpeza deve ser feita apenas com água filtrada ou
mineral. É contraindicado o uso de água boricada, soro fisiológico ou chás.
Usar óculos escuros ajuda a evitar o contágio e alivia os
sintomas?
Os óculos escuros diminuem o incômodo à luz, que pode
acontecer. Mas eles não impedem a transmissão da doença.
Como tratar uma criança com conjuntivite?
O tratamento deve ser prescrito por um oftalmologista,
independente da idade da criança. Apenas o especialista pode diagnosticar e
tratar as conjuntivites.
Esfregar aliança no olho resolve?
Não, isso é um mito.
Usar colírio resolve? Ajuda a evitar ou a melhorar os
sintomas?
Os colírios devem ser prescritos por oftalmologistas. Existem
diversos tipos de colírios e o uso indiscriminado de algumas substâncias pode
causar problemas. Em caso de suspeita de conjuntivite, procure imediatamente um
médico.
Usar lentes de contato fica proibido quando há a infecção?
Sim. As lentes de contato não devem ser utilizadas durante a
conjuntivite.