Artigo publicado na última quarta-feira (20) pela revista
“Nature” apresenta uma proposta com seis Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODSs) que deveriam ser cumpridas por todos os países para
melhorar, até 2030, a vida da humanidade, preservar os recursos naturais e
assegurar uma economia com menos impacto ambiental.
A pesquisa, elaborada por um grupo de dez pesquisadores de
várias partes do mundo, atende ao chamado da Organização das Nações Unidas
(ONU) feito em 2012, durante a Rio+20, conferência que debateu o
desenvolvimento sustentável.
No encontro, que ocorreu no Rio de Janeiro, ficou acordado
que os países participantes fixariam metas (os ODSs) que integrassem formas de
combater a degradação dos recursos naturais do planeta, ações contra a pobreza
e em favor da igualdade social.
Elas entrariam em vigor a partir de 2015, assumindo o vácuo
deixado pelos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), que expiram nesta
data e abordam temas como a erradicação da pobreza e da fome, o acesso ao
ensino universal e a redução da mortalidade infantil.
No entanto, a discussão para a criação dos ODSs terá início
apenas em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, que acontece em Nova
York, nos Estados Unidos. Um grupo de trabalho com 30 membros, incluindo a
ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, vai preparar um
relatório apresentando uma prévia dos objetivos.
Meio ambiente não privilegiado
Segundo o artigo da "Nature", as metas existentes
privilegiam mais o combate à pobreza no mundo em vez de abordar com o “mesmo
peso” as condições ambientais do planeta. A junção dessas duas preocupações,
segundo os estudiosos, “permitiria ao ser humano um desenvolvimento mais
próspero”.
Para desenvolver os seis ODSs, os pesquisadores levaram em
conta estudos científicos feitos até 2009 e que analisaram os sistemas
terrestres e como eles são impactados pela mudança climática, a taxa de perda
da biodiversidade e a emissão de gases como nitrogênio e ozônio. Também foram
analisados fenômenos como a acidificação dos oceanos, a mudança no uso da terra
e o uso da água doce no planeta.
A partir desses dados, foi elaborada uma lista de seis
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que deveriam ser seguidos e cumpridos
até 2030.
1 – Vida próspera e formas de assegurar a subsistência
humana.
Fim da pobreza e melhora do bem-estar através de acesso à
educação, emprego, saúde e informação. Redução da desigualdade social enquanto
se trabalha em direção ao consumo e produção sustentáveis. Segundo os
pesquisadores, deveriam ser instituídas regras dentro da Organização Mundial de
Saúde (OMS) para a manutenção do ar limpo, assegurar as taxas limites de
emissões de ozônio e de componentes químicos ou materiais tóxicos. Além disso,
deveriam ser criadas práticas para extração de minerais e metais com foco na
reciclagem destes materiais.
2 – Segurança alimentar sustentável. Fim da fome e alcance a
longo prazo da segurança na produção de alimentos, com distribuição e consumo
sustentáveis.
Para os estudiosos, deve-se prorrogar a meta de combate à
fome criada nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, adicionando limites
para o uso do nitrogênio e do fósforo na agricultura (evitando que sejam
enviados para a atmosfera e para o oceano). Além disso, deve-se aumentar a
eficiência no setor em 20% até 2020.
3 – Segurança sustentável da água. Acesso universal à água
potável e saneamento básico; garantia de eficiência maior na gestão dos
recursos hidrominerais.
Os cientistas afirmam que é preciso limitar a retirada de
água das bacias hidrográficas em não mais que 80% do fluxo médio anual dos
rios.
4 – Energia limpa universal. Aumentar o acesso universal à
energia limpa, minimizando a poluição e o impacto à saúde, além de reduzir o
impacto do aquecimento global.
Este objetivo contribui com acordos já feitos entre países
que integram as Nações Unidas, que contemplam a implantação de energia
sustentável para todos, igualdade de gêneros e acesso à saúde. Além disso,
assegura em 50% a chance da temperatura global não subir mais que 2º C nos
próximos anos e reduziria entre 3% e 5% ao ano a emissão de gases-estufa até
2030 (totalizando uma queda de até 80% até 2050).
5 – Ecossistemas produtivos e saudáveis. Assegurar os
serviços ecossistêmicos e da biodiversidade com uma melhor gestão, restauro e
conservação do meio ambiente.
A proposta reforça o cumprimento das Metas de Aichi, dentro
da Convenção da ONU para a Biodiversidade, que fixa a redução do ritmo de perda
dos ecossistemas e prevê a manutenção de, pelo menos, 70% das espécies
presentes em qualquer ambiente.
6 – Governança para sociedades sustentáveis. Transformar e
adaptar instituições e políticas públicas para aplicar as outras cinco metas já
apresentadas.
Com este objetivo, seriam eliminados até 2020 subsídios que
dão suporte à exploração do petróleo, à agricultura insustentável e à
sobrepesca.